O mercado mundial de maquinaria direcionada à aplicação de produtos fitofarmacêuticos tem vindo a sofrer algumas alterações, contudo insuficientes para responder às crescentes exigências ambientais, ecológicas e toxicológicas estabelecidas pela UE, pondo em causa o cumprimento das metas assumidas pelos Estados Membros e o acesso a alguns mercados por parte dos produtores.
A evolução da mecanização, automação e sensorização tem vindo a permitir incrementos tecnológicos significativos nos equipamentos, porém, o distanciamento entre os peritos na área da mecanização e na área da prescrição (patologistas, especialistas em sanidade vegetal, agrónomos e técnicos de segurança alimentar e ambiental) conduz a que as máquinas sejam técnica e tecnologicamente mais evoluídas, mas desajustadas da técnica de aplicação mais adequada ao controlo das pragas e doenças, redução de perdas por escorrimento e deriva e, conducente ao perfil toxicológico requerido pelos mercados.
Passadas quase duas décadas das primeiras publicações nacionais fomentando o ajustamento do volume de calda e doses ao volume de copa das culturas (Livro da pera ‘Rocha’ – Volume III, Optimização da Técnica de Pulverização e Atomização a Baixo Volume em Pomóideas – COTHN), raros são os produtores que não associam uma boa aplicação a uma copa pulverizada até ao escorrimento, em alto volume e alto conteúdo em produtos fitofarmacêuticos. A indústria responde com pulverizadores com bombas de elevado consumo energético, elevados débitos, pressões de trabalho exageradas, gotas de diâmetro elevado, turbinas desajustadas com produção de elevados caudais de ar, entre outras. Na verdade, poucas são as marcas internacionais que colocam o foco da máquina na aplicação e no resultado biológico, sendo que mesmo estas mostram dificuldades nesta adaptação pelo distanciamento da componente agronómica, desviando atenções para componentes de menor importância como depósitos individuais de água limpa, bicos anti gota e anti deriva, pneus mais largos para redução de compactação entre outros, mantendo a conceção orientada para o alto volume (1000l/ha).
Estes aspetos continuam a ser responsáveis por aplicações incorretas e desajustadas por parte dos produtores nacionais e internacionais, levando a contaminação excessiva dos solos, águas e atmosfera, excesso de resíduos nos produtos alimentares, maior risco de contaminação de operadores e indivíduos das áreas adjacentes às áreas agrícolas, maiores consumos energéticos e efeitos secundários graves que urje contrariar. Acresce ainda que este tipo de aplicação não só aumenta os custos de produção como, em algumas doenças particulares (como é exemplo a estenfíliose da pereira), não permite uma cobertura preventiva uniforme e homogénea do alvo biológico resultando em prejuízos acentuados nas culturas.
O projeto SPIN permite fazer face a estes aspetos e desenvolver uma solução que seja mais eficiente e sustentável. Em breve serão publicados os primeiros resultados. Fique atento!
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